
O Brasil precisa acelerar a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação em todas as redes de ensino até 2026, sob risco de prejuízos pedagógicos e financeiros. Como aponta o relatório “Currículos de Computação: Levantamento e Recomendações”, promovido pela Fundação Telefônica Vivo e Movimento pela Base, e executado pela Vozes da Educação, mostra como países que já estruturaram políticas na área conseguiram garantir que estudantes desenvolvessem competências digitais essenciais.
Segundo a análise, em muitos estados a Computação aparece apenas como suporte a outras disciplinas ou é confundida com Cultura Digital, limitando-se ao uso ético e crítico de tecnologias. Em geral, os referenciais curriculares não detalham como integrar os conteúdos da área às diferentes etapas da Educação Básica, especialmente na Educação Infantil, onde o tema é praticamente inexistente. Além disso, a Computação costuma ser ofertada como disciplina eletiva ou em itinerários formativos, o que não garante acesso universal às aprendizagens. Outro ponto crítico é a ausência de instrumentos de avaliação específicos para acompanhar o progresso dos estudantes.
Diante desse cenário, o estudo recomenda a elaboração de diretrizes nacionais que orientem estados e municípios a incluir a Computação de forma consistente nos currículos, seja como disciplina obrigatória, abordagem transversal ou modelo híbrido. O documento sugere ainda a criação de planos nacionais de apoio com suporte técnico e financeiro às secretarias, a produção de guias técnicos para revisão curricular e o estabelecimento de mecanismos de monitoramento da implementação.
Entre as prioridades apontadas está a formação de professores. O relatório defende a inclusão da Computação nos cursos de Pedagogia e licenciaturas, além da oferta de programas nacionais de capacitação continuada, trilhas formativas temáticas e residência pedagógica. Também recomenda mapear a disponibilidade de docentes habilitados em todo o país e criar matrizes de competências específicas para o ensino da área.
Outro eixo central é a produção e distribuição de materiais pedagógicos públicos e acessíveis, que contemplem desde planos de aula e kits didáticos até propostas de integração da Computação com outras áreas do conhecimento. Uma plataforma nacional aberta com conteúdos validados e compartilhamento de boas práticas também é sugerida.
Por fim, o estudo destaca a necessidade de desenvolver parâmetros e instrumentos de avaliação alinhados aos três eixos da BNCC Computação — Pensamento Computacional, Cultura Digital e Mundo Digital. Isso inclui a elaboração de rubricas, critérios de aprendizagem, sequências avaliativas e até a inclusão de itens de Computação em exames nacionais, além de parcerias com universidades e centros de pesquisa para validar metodologias.
Para os autores, a efetivação das recomendações depende de um esforço coordenado entre União, estados, municípios, escolas e sociedade civil, garantindo que a Computação seja reconhecida como área de conhecimento essencial para preparar crianças e jovens para os desafios da era digital.