Empreender é saber unir atitude, pessoas e tecnologia

O painel “Vulnerabilidade no mundo dos negócios: o ser humano na base da estratégia”, realizado durante o SAP NOW, certamente deve ter plantado uma semente em quem está pensando em empreender. Mediados pela jornalista Patrícia Maldonado, os convidados mostraram que, acima de tudo, é preciso atitude, pessoas e tecnologia para concretizar o sonho de construir um negócio inovador que faça a diferença não somente na vida de quem ousou, mas especialmente nas das pessoas.

Marcelo Noll, cofundador da Labi Exames, Geraldo Rufino, fundador da JR Diesel e Rui Botelho, COO da SAP Brasil, apontaram a humanização e o social como pontos essenciais para o sucesso dos negócios. Esses sentimentos mobilizaram Noll, aos 52 anos, a estancar a carreira executiva para criar o Labi Exames, porque queria impactar o setor de saúde, proporcionando acesso a exames à população de baixa renda.

“Tenho filhos com diabetes, que é uma doença silenciosa, sem sintomas. É preciso realizar exames para se prevenir de perder a visão, passar por amputações quando se descobre tardiamente. Por que não democratizar esse exame?”, relatou Noll sobre uma das suas motivações.

Ele citou um exemplo de como a Labi Exame contribui, de fato, para a popularização do acesso: “Um dos exames mais comuns é o hemograma. A média de preço praticada em laboratórios notórios gira em torno de R$ 120. Nós fazemos por R$ 10 e estamos ganhando.”

O segredo também mora na perseverança, garantiu o executivo, na preocupação com as pessoas e especialmente na escolha de bons sócios. “E os meus pilares foram: impactar o setor de saúde, trazer retorno aos investidores e criar um espaço saudável para trabalhar”, ensinou.

De catador de latinhas a CEO da JR Diesel

A determinação do menino que começou a empreender aos oito anos de idade, depois de ter perdido a mãe, sua mentora, marcou o início da jornada brilhante de Geraldo Rufino. Criado na favela do Sapé, em São Paulo, foi catador de latinhas e se tornou fundador da JR Diesel, a maior empresa da América Latina em desmontagem de caminhões e venda de peças de reposição. Também escritor e professor da PUC-SP, ele afirmou que o verdadeiro valor do negócio está nas pessoas.

“Empreender é uma atitude, é querer produzir e fazer a diferença na vida das pessoas; aprendi com a minha mãe que é, acima de tudo, querer servir e atender ao outro. Meu primeiro emprego aos oito anos garantia colocar em casa pão com manteiga e café com leite”, contou.

Rufino reforçou várias vezes que para empreender não é necessário ter CNPJ próprio, é preciso assumir a empresa como se você fosse o dono. “Cresci empreendendo com o CNPJ de outra pessoa, de alguma empresa. Porque é uma questão de comportamento. Quando criei a minha, formei um time de empreendedores e passei a cuidar deles e então eles passaram a cuidar da empresa e a fazerem melhor do que eu.”

“É assim como o Rui. Que fala da SAP como se fosse dono, das realizações. É como se fosse a empresa dele”, referindo-se ao COO da SAP, que acrescentou: “Temos aqui um programa de empreendedorismo interno e tem atitude, até porque empreender não é uma ação solitária. É pura colaboração, um ajudando o outro, este é o nosso mantra, e temos orgulho de participar da história de vários empreendedores. Temos 400 mil clientes hoje, mas começamos pequenos.”

Tecnologia multiplicando a oportunidade

A tecnologia ajuda a apoiar o crescimento dos negócios, a modernizar processos e a avançar em inovações. É o que defende cada um dos executivos que participaram do painel. Nessa trilha, o Labi Exames foi selecionado duas vezes como uma das dez principais healthtechs do Brasil e duas vezes entre as 100 startups to Watch, ranking das startups mais promissoras do Brasil realizado pela Consultoria EloGroup e pelas revistas Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios.

O laboratório, que fazia atendimento manual, ao lançar o teste para Covid-19 em abril, de um dia para o outro viu a demanda registrar 1,5 mil pessoas interessadas em fazê-lo. “A tecnologia teve de atuar e então foi necessária uma rápida implementação de uma ferramenta para autoagendamento. Tecnologia é essencial para o nosso bom atendimento.”

Rufino diz ter apostado sempre na tecnologia para multiplicar as oportunidades para os negócios e para as pessoas. “A tecnologia vem para evoluir, ampliar a quantidade de empregos, até porque existe a falsa crença de que a tecnologia vai substituir pessoas. Está errado”, sentenciou.

Para Botelho, um dos efeitos positivos do cenário pandêmico foi a aceleração do digital, uso de nuvem, que democratizou o uso da tecnologia, habilitando recursos de ponta para empresas de variados portes, tornando-as mais competitivas. “Somos muito procurados para ajudar nessa jornada de evolução”, afirmou o executivo da SAP.