Natura &Co: colaboração é chave para reverter problemas de sustentabilidade e impacto social

Na manhã do segundo dia do SAP NOW Brasil, Cristina Palmaka, presidente da SAP América Latina e Caribe, e Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil, receberam Roberto Marques, CEO da Natura &Co, para uma conversa sobre sustentabilidade, inclusão e impacto social. Em painel intitulado “Como o mundo pode ser mais bonito”, o executivo da gigante da beleza não apenas detalhou as ações da companhia nessas frentes, como também alertou para a importância da colaboração entre empresas, sociedade e governos para os problemas que vêm afetando de forma muito grave o planeta.

“Colocar objetivos ambiciosos é fundamental. Mas só isso não basta. É necessário que esses objetivos gerem ações”, afirmou Marques. A Natura &Co estabeleceu o plano Compromisso com a vida 2030, em que determinou 31 KPIs em pilares distintos para enfrentar a crise climática, proteger a Amazônia e ser mais humana como sociedade, entre outros. Uma das metas do plano é tornar-se uma empresa de emissões líquidas zero até 2030. “Sabemos que grande parte das emissões são indiretas, vem da cadeia de suprimentos nas frentes de embalagem, ingredientes e transporte. Para chegar aos objetivos vamos precisar trabalhar com nossos parceiros”, afirmou. “Ao trabalhar de maneira colaborativa, aceleramos o processo de inovação em toda a cadeia.”

Quando o assunto são os compromissos sociais, a Natura &Co estabeleceu a meta de contar com mulheres em 50% dos cargos gerenciais e executivos. “Estamos muito próximos dessa marca e devemos alcançá-la antes de 2023”, celebrou.

Cristina Palmaka concorda. “A gente precisa, no final, colocar metas e ambições. A SAP também tem a meta de alcançar a mesma quantidade de homens e mulheres na empresa até 2022, sendo 30% delas em cargos de liderança. Estamos bem próximos disso. Já somos 28% de mulheres em cargos de liderança e estamos caminhando para 38% no gender parity“, afirmou.

No mesmo pilar, de acordo com Marques, o grupo Natura &Co busca aumentar para pelo menos 30% a presença de membros de populações subrepresentadas em cargos gerenciais e executivos em suas principais geografias. “Temos um trabalho muito longo no que diz respeito à etnicidade, especialmente pela dificuldade em mapear a base”, avalia, acrescentando que um dos caminhos encontrados foi a modernização nos processos de recrutamento. Marques explicou que o processo dá menos relevância à exigência de nível universitário, por exemplo, criando um pool de talentos mais diversos. “Quanto mais diversas e representadas forem as organizações, melhor será o que elas poderão criar, produzir e entregar para a sociedade.”

Sustentabilidade e inclusão no DNA

Marques destacou que a Natura sempre teve a sustentabilidade, o bem-estar dos indivíduos, a relação harmônica com o planeta e com o todo em seu DNA. “São questões que recebem atenção desde o nascimento da empresa”, afirmou. E isso se manteve com a série de aquisições que a companhia realizou nos últimos anos. O executivo lembrou que a a Aesop sempre buscou a conexão com as comunidades locais. A The Body Shop foi fundada pela empresária britânica e ativista ambiental e de direitos humanos Dame Anita Roddick. E a Avon foi a primeira empresa de empoderamento da mulher. “Todas possuem elementos diferentes, mas com o propósito de gerar impacto financeiro positivo, e também social e de sustentabilidade”, disse Marques. “As empresas estão em estágios diferentes, com propósitos diferentes, mas todas com a visão de que precisam servir ao mundo além do retorno aos acionistas”, completou.

Tecnologia

Questionado por Adriana Aroulho sobre o papel da tecnologia nesses processos, o CEO afirmou que a tecnologia permeia e habilita as ações de sustentabilidade, impacto social e produtividade da Natura &Co. Um exemplo, segundo ele, é a evolução da venda por relação, também conhecida como venda porta-a-porta. “Hoje a consultora usa inteligência artificial, redes sociais e outras tecnologias para identificar clientes em seu espaço geográfico e ampliar isso de forma exponencial, permitindo muito mais eficiência. A tecnologia é uma grande aliada para que as relações se deem de forma mais customizada, ágil e eficiente”, analisou.

Também é a tecnologia que habilita a inovação necessária para que se encontrem soluções que permitam o contínuo desenvolvimento econômico de comunidades locais que dependem da floresta e da natureza para viver. “Permite soluções de reflorestamento e biodiversidade na Amazônia, onde trabalhamos há mais de 20 anos”, disse.

Pós-pandemia e colaboração

Para Marques, a Natura juntamente com poucas empresas não conseguirá atingir os objetivos. “É necessário o envolvimento mais abrangente de mais empresas, do governo, da ciência”, afirmou.

Sobre a pandemia, o CEO acredita que ainda estejamos longe de tê-la como um fato passado. “Infelizmente ainda vemos situações críticas em diferentes lugares do mundo. O nível de vacinação ainda é desbalanceado. Acredito que a gente ainda vá enfrentar por um bom tempo uma situação difícil”, prevê, acrescentando que sairemos dela acreditando na ciência e seguindo o que ela nos mostra. “O mundo deve sair da pandemia com muitos aprendizados sobre como as coisas estão interrelacionadas. Que nos sirva de lição, que aprendamos a escutar a ciência. O problema devia ser menos político. Deveríamos ter seguindo mais os especialistas da área de saúde.”

A expectativa de Marques é que o mundo aprenda e entenda que é preciso se unir para buscar soluções para problemas comuns. “Que haja mais contribuição de governos e inciativa privada para encontrar saídas para a crise climática. Devia se falar menos em competição e mais sobre colaboração. Só teremos a solução para os problemas se trabalharmos de maneira colaborativa.”